Um mundo derretido ou fresco, inteiro ou as fatias suíço, francês ou até português. À entrada, como sobremesa ou até mesmo no prato principal. Neste mundo, come-se de tudo!
Um mundo derretido ou fresco, inteiro ou as fatias suíço, francês ou até português. À entrada, como sobremesa ou até mesmo no prato principal. Neste mundo, come-se de tudo!
Saio do emprego, estranhamente ainda com sol. E sigo viagem, desta vez, adivinhem? Nem mais, até casa. Com o sol a dar o seu ar de graça, dou por mim, a fazer a viagem em volta com os meus pensamentos. Medo! Muito medo.
Desta vez, pensei, no porque dos humanos em geral (e eu muito em particular) tem medo de ratos *. Poderia dizer que temo a concorrência deles, ao ataque aos queijos, mas seria mentira. A verdade é que eles são roedores e não carnívoros. Portanto a parte de nos comerem, não conta como razão para o medo.
Eu confesso-me, tenho medo que venham em doses industriais e me ataquem. Ou mesmo sozinhos, que apareçam e me ataquem. O facto de pensar em contacto entre epidermes humanas e roedoras deixa-me de apêndices filiformes irisados. Também os temo, porque são feios, o mesmo acontece com os seres humanos igualmente feios, por isso, não vou virar samaritana para seres com quatro apêndices de locomoção. Tenho pavor a ratos, porque simplesmente são nojentos. Assim de repente não tenho muita coisa a apontar-lhes, mas é de mim, tal como desejo que todos os seres nojentos, sejam eles ratos, humanos e ou bichos no geral vivam bem, muito bem, alias, no mundo deles, de preferência num mundo tipo Mercúrio (que por sinal é bem quentinho e tem sol mais intenso que o nosso planeta) eu desejo viver no meu, Terra por sinal, também eu bem.
Todos estes meus pensamentos dissiparam-se quando e de repente deparo-me com um ser humano estendido na berma da estrada já equipado para seguir para a morgue mais próxima (um destino tão pouco nobre como os percursos dos roedores, que circundam a minha vida). Pois é, todo o sol que brilhava no meu parabrisas e fazia fervilhar ideias parvas dentro da minha massa cinzenta, pôs-se, como se da noite se tratasse.
*Todos estes pensamentos abrasaram-me, muito possivelmente por ter estado uma manhã enfiada no mundo destas pestes, ou a cobertura de um edifício que acumula todo o tipo de sujidades, bem como só é frequentado desde a construção do mesmo (e já lá vão anos) por nós.
Estarei lúcida? É de mim, ou encontro-me a fazer o último trabalho deste mestrado? Não sei o que sinto? Alívio ou Saudades?
O que vou fazer depois deste trabalho? O que é não ter um fim-de-semana ocupado com trabalhos para um mestrado? O que é chegar à casa e não ter que sentar mais umas valentes horas à frente do PC?
Vou pensar no assunto e afincar-me neste trabalho...
Hoje foi um verdadeiro sábado. Fiz tudo o que se faz num sábado. Acordei muito tarde. Tomei o pequeno-almoço com a minha mãe, na varanda! Arrumamos roupas, caixas e afins. Fomos às compras pra enchermos a despensa. Almoçamos tarde. Fomos às compras, como verdadeiras gajas: "ai gosto disto", "ai que horror", "alguém veste isto?", "Que lindo! ai olha isto..." Acabei a tarde a lavar o meu carro, está lindo, nem vontade tenho de o tirar da garagem... Tratamos das unhas. Agora vou ali fazer um tour pelos museus do Porto, acabar a noite a beber uns canecos.
Que é das melhores invenções tugas, isso não tenho dúvidas. O que não esperava era de um dia desejar que o carro em que circulasse tivesse via-verde mais do que desejo ter uns louis vuitton na sapateira, por exemplo.
Ia eu em trabalho, no carro da empresa em plena autoestrada, levava comigo as duas estagiárias que ainda sem entender porque, ficaram ao meu encargo.
Chego à portagem, abro a janela e de cartão na mão para pagamento, deparo-me com a falta de talão da portagem, que tinha a certeza ter tirado.
A miúda que tinha ocupado o lugar da frente, predispôs-se de imediato a ajudar-me na busca do mesmo, após ter-me deparado que o sítio onde era suposto estar o talão estava vazio.
Disse ao senhor (super mega simpático):
- Um minuto por favor, estou a procura do talão da portagem.
Ia jurar que se tinha aberto um buraco no carro e o raio do talão tinha desaparecido.
Até que, a miúda disse:
- Está ali.
Apontou para dentro do carro, literalmente dentro do tablier. Viro-me novamente para à janela e digo:
- Já o encontramos, vou tentar tirar-lo, só mais um minuto, por favor.
Senti-me a falar para o ar, pois apenas vi um semblante carregado. Tirei o meu gancho da cabeça, pedi ao homem, se tinha uma pinça ou algo que nos ajudasse a retirar o talão e apenas oiço com o ar mais carrancudo:
- Já está aqui há mais de cinco minutos, ou paga a multa por não ter ticket ou arranja o ticket. Não pode estar aqui a manhã toda.
Olho pelo espelho e vejo os dois carros que estavam atrás de mim, a fazer marcha-atrás. Olhei também para as duas miúdas que me transmitiram a mensagem do: vai-ser-quase-impossível-retirar-o-cartão-daqui.
Fula, irritada e importunada com a simpatia extrema do senhor da portagem, lá paguei a multa. Mas desejei-lhe mal, muito mal.
E hoje sonhei que o senhor tinha caído ao sair da cabine das portagens, tinha torcido um pé, mas como tinha falta de cálcio nos ossos, os médicos previam que dentro de dois anos, teriam de lhe amputar o pé.