Cardápio público para casar
Ahhh o assunto do momento são os espetaculares programas de domingo à noite. Nesta vida complicada em que as redes de contacto são cada vez mais pequenas devido às pragas chamadas redes sociais, ninguém conhece ninguém, mas tem pelo menos 200 contactos (coisa pouca, portanto) o que o mundo mais precisava era de programas televisivos que além de exporem pessoas com neurónios disfuncionais, servem que nem cardápios opções de pares conjugais.
Também fazemos isso com os víveres e outros produtos para a casa, porque não para as pessoas do coração? Quem nunca fez compras no continente online, por exemplo? Coisa mais simples faz-se a lista: 2 pacotes de bolacha oreo, 1kg de banana da madeira pouco maduras, sabonete líquido marca dove. Et voilá, depois de pagar é esperar umas horas sentadinho até que alguém apareça lá em casa com os produtos, sem qualquer esforço. Próximo passo (fica aqui a dica, de borla) bebes por catálogo. Já me estou a imaginar, a preencher o boletim de requisitos: Saudável, inteligente, que não chore muito, que durma pelo menos 8h seguidas, à noite, que não seja intolerante às mariquices da vida como o glúten, lactose e outros 500 mil. Que não tenha a pele atópica e que não cresça com as pernas arqueadas.
E está hein?! Seria um espetáculo, não? Vistas bem as coisas poderíamos replicar o conceito base dos programas de domingo à noite, para 500 mil coisas do dia-a-dia. O drama da exposição pública também não se deveria colocar, pois nos dias que correm, basta uma publicação em qualquer rede social, para nos autoexpormos.
Voltando ao início, eu acho importante que estes programas existam. Acho mesmo. No meu círculo de contactos também tenho alguns seres efetivamente com dois neurónios disfuncionais. Assim de repente, consigo de lembrar-me de pelo menos um ou dois contactos. Que não têm? Mas lá está, o meu problema, pode ser o vosso, são escassos. E como por norma não comunico com esses seres, devido a incompatibilidades naturais e humanas. Sinto por isso, que programas como estes são uns verdadeiros serviços públicos, prestado pelas televisões. Assim, sem pagar bilhetes e sem necessidade de me deslocar aos jardins zoológicos destes seres, posso muito bem, no conforto do lar, assistir a episódios hilariantes, conhecer e aprofundar melhor outras culturas e formas de estar.
Posto isto, reforço, considero uma mais-valia a existência e promoção destes programas.
Não vou falar detalhadamente do que aconteceu ontem, por uma razão muito simples. Não vi. Tive um fim-de-semana com uma dose de humor muito grande (fui ver o novo espetáculo de Bruno Nogueira, e sendo este um espetáculo de humor diferente e de acordo com as minhas necessidades), considerei que dispensar as minhas horas de neura e sofrimento de domingo à noite, numa outra sessão de humor poderia elevar as doses, para o resto da semana. Assim, depois da hora do jantar e no meu momento de chill out, antes da cama, fiz sim, zapping, parei por breves instantes nos dois modelos disponíveis, mas sem forças para prosseguir, rendi-me ao sono e adormeci.
Em suma, estes programas comprovam o que tenho vindo a dizer há muito, existem seres com dois neurónios, são muitos, andam por todo lado. E são mais do que se possa pensar. É importante conhecer a multiculturalidade, mais ainda quando se refere a uma percentagem elevada da população, porque vivemos em sociedade, precisamos de saber para nos adaptar.
