Carta aberta ao Marcelo
Bom dia Marcelo,
Seja lá que Marcelo sejas, apenas apetece-me escrever-te, a ti, sejas o Sousa ou até o da novela da SIC, tanto me faz, escrevo-te a ti e a qualquer pessoa que por aqui queira pairar. Não quis nem tentei sequer, entrar em medicina. Precisaria mais do que meia dúzia de décimas. E sangue e hospitais são coisas que não vão muito à minha missa. Assim como mexer em pessoas são coisas que não me motivam e muito menos me fazem escrever cartas. No entanto, passei a dias por uma loja da Carolina Herrera e vi a nova coleção de sapatos e malas, mas faço enfoque nos sapatos.
O meu salário não dá para todas as minhas despesas, as minhas naturais extravagâncias e ainda todos os sapatos que me apetecem comprar. Não recebo um aumento salarial há tanto tempo, tempo esse que nem me lembro o que é isso de aumentos salariais. Os custos e despesas, essas aumentam mensalmente como se da idade se tratassem. Os sonhos, esses são como as seasons, por cada nova coleção, novos sonhos enchem-se-me o coração, fazem-me ficar melancólica e mesmo acordada, a vislumbrar coisas fantásticas.
Posto isto tudo que aqui acabo de relatar senhor Marcelo vejo-me obrigada a ser infeliz, isso ou a pedir um empréstimo. Pensando bem, como não tenho tempo para ir a bancos, julgo que me fico pelo infeliz. E eu que queria tanto aqueles sapatos....
obrigada Marcelo, pela atenção dispensada.