Sem final feliz
Saio do emprego, estranhamente ainda com sol. E sigo viagem, desta vez, adivinhem? Nem mais, até casa. Com o sol a dar o seu ar de graça, dou por mim, a fazer a viagem em volta com os meus pensamentos. Medo! Muito medo.
Desta vez, pensei, no porque dos humanos em geral (e eu muito em particular) tem medo de ratos *. Poderia dizer que temo a concorrência deles, ao ataque aos queijos, mas seria mentira. A verdade é que eles são roedores e não carnívoros. Portanto a parte de nos comerem, não conta como razão para o medo.
Eu confesso-me, tenho medo que venham em doses industriais e me ataquem. Ou mesmo sozinhos, que apareçam e me ataquem. O facto de pensar em contacto entre epidermes humanas e roedoras deixa-me de apêndices filiformes irisados. Também os temo, porque são feios, o mesmo acontece com os seres humanos igualmente feios, por isso, não vou virar samaritana para seres com quatro apêndices de locomoção. Tenho pavor a ratos, porque simplesmente são nojentos. Assim de repente não tenho muita coisa a apontar-lhes, mas é de mim, tal como desejo que todos os seres nojentos, sejam eles ratos, humanos e ou bichos no geral vivam bem, muito bem, alias, no mundo deles, de preferência num mundo tipo Mercúrio (que por sinal é bem quentinho e tem sol mais intenso que o nosso planeta) eu desejo viver no meu, Terra por sinal, também eu bem.
Todos estes meus pensamentos dissiparam-se quando e de repente deparo-me com um ser humano estendido na berma da estrada já equipado para seguir para a morgue mais próxima (um destino tão pouco nobre como os percursos dos roedores, que circundam a minha vida). Pois é, todo o sol que brilhava no meu parabrisas e fazia fervilhar ideias parvas dentro da minha massa cinzenta, pôs-se, como se da noite se tratasse.